CEROL

Fiscalização de uso de cerol é pauta no retorno da Câmara

Vereador Juliano Reis exibiu o vídeo de um entregador denunciando o uso do material cortante em Paraíso. Prática é proibida por lei
Por: Ralph Diniz | Categoria: Política | 09-08-2023 07:08 | 1123
Vereador e vice presidente, Juliano Reis (Biju)
Vereador e vice presidente, Juliano Reis (Biju) Foto: Asscam

Durante a sessão ordinária que marcou o retorno das atividades da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, na tarde de segunda-feira, 7, um assunto polêmico relacionado à segurança pública foi levantado por um dos vereadores. Juliano Reis (Biju) apresentou o relato de um entregador denunciando o uso de cerol em linhas de pipa. A prática é proibida na cidade.

O cerol é uma mistura de cola de madeira com vidro moído que as crianças, jovens e até adultos passam na linha dos papagaios e pipas para cortar a linha de outras pipas que estão no ar. São utilizados também variações de pó cortante, sendo o mais comum o pó de ferro.

Durante o grande expediente, o vereador exibiu um vídeo do profissional Guilherme Nascimento, afirmando que quase foi vítima de uma linha com cerol. Além de mostrar o material com o produto cortante, o motociclista fez um apelo às autoridades. “Nós pedimos para que a Prefeitura e vereadores, em parceria com a Polícia Militar, façam uma lei e comecem a punir essa prática. Enquanto não mexer no bolso das pessoas, isso aqui vai matar um pai de família. Eu trabalho 14 horas por dia e carrego comigo o medo de não poder voltar para minha casa e ver a minha filha de novo”.

Após a apresentação, Biju falou sobre a situação. “A classe dos entregadores entrega o lanche em casa, o medicamento, o passageiro, um documento importante. Então, o mínimo que temos que fazer é pautar por segurança pública. O motociclista disse no vídeo que precisa criar uma lei, mas, na verdade, essa lei já existe. O que precisa é fiscalização”.

A legislação mencionada pelo vereador é a Lei Municipal nº4.157, que dispõe sobre a proibição do uso do cerol ou qualquer outro tipo de material cortante no município. No parágrafo único do artigo 1, está determinado que a fiscalização deve ser realizada pela Guarda Civil Municipal.

Ainda no plenário, Biju, que também trabalha como entregador em uma motocicleta, falou sobre as dificuldades enfrentadas pela classe. “Antes que aconteça uma tragédia, que alguém tenha a cabeça decepada, é preciso que a fiscalização seja feita. O que vimos aqui é uma súplica de um pai de família. Como vamos fazer? A gente sai e já tem os desafios do trânsito de Paraíso que é uma loucura, com animais de grande porte soltos nas vias, motoristas negligentes que não respeitam as regras, os cachorros sem focinheira e, agora, o cerol nas linhas das pipas. Parece um campo minado para quem quer trabalhar e sustentar a sua família, mas não sabe se vai voltar para casa”, completa.

Diante do relato do entregador, o Jornal do Sudoeste entrou em contato com João Paulo Bueno, secretário de Segurança Pública de Paraíso, órgão responsável pela Guarda Civil Municipal. À reportagem, ele explica que a instituição tem realizado diversas ações de educativas e de fiscalização para combater o uso de cerol e outros materiais cortantes, inclusive, em parceria com o 43º Batalhão de Polícia Militar. “A GCM, neste período propício a soltar pipas, está fazendo trabalhos nesse sentido, pois sabemos que o cerol pode causar graves ferimentos, principalmente para os motociclistas. Com a volta do período escolar, vamos iniciar ações de orientação sobre o tema com as crianças”.

O secretário, no entanto, lembra que também é papel dos pais alertarem as crianças a respeito dos riscos do cerol. “É importante orientar e fiscalizar se seu filho está fazendo uso deste tipo de linha cortante para soltar pipa. Lembrando que é muito complicado deixar só por conta das autoridades, pois temos várias outras demandas e ocorrências no dia a dia. Mas, no possível, GCM e PM estão atentos a estas infrações”, conclui Bueno.

O 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros de São Sebastião do Paraíso alerta para os riscos do cerol. Além de ser uma “verdadeira navalha”, capaz de decapitar uma pessoa, a mistura feita com pó de ferro pode conduzir eletricidade quando toca nos fios de alta tensão provocando curtos-circuitos e até morte em quem solta as pipas.

O Pelotão também lembra que os motociclistas são os mais prejudicados pelo uso do cerol, uma vez que o pescoço dessas pessoas fica desprotegido e dificilmente eles conseguem reagir a tempo quando são atingidos pelas linhas enquanto estão nas motos. “Neste local passa uma artéria de grande calibre e o corte desta pode provocar um sangramento muito intenso causando a morte em poucos minutos. Existem casos de pessoas que tentaram retirar a linha do pescoço e tiveram seus dedos amputados”, completa o sargento Giovani Duarte. Para evitar acidentes, os bombeiros recomendam a instalação de antena corta cerol nas motos, que evita que a linha com o material cortante não atinja o pescoço do condutor.