LARVICIDA

Combate à dengue: Biju propõe uso de larvicida de caroço de abacate em Paraíso

Durante sessão na Câmara, vereador sugere parceria com pesquisador local para implementar método eficaz contra o aedes aegypti
Por: Ralph Diniz | Categoria: Política | 22-05-2024 10:17 | 1137
Engenheiro agrônomo José Carlos Gonçalves
Engenheiro agrônomo José Carlos Gonçalves Foto: Reprodução/Arquivo JS

Em sessão da Câmara de São Sebastião do Paraíso na segunda-feira, 20, o vereador Juliano Reis (Biju) apresentou proposta para combater o mosquito transmissor da dengue no município. Trata-se de um larvicida à base de caroço de abacate, criado pelo engenheiro agrônomo local,  José Carlos Gonçalves.

Em seu pronunciamento durante o grande expediente, o vereador enfatizou a necessidade de novas abordagens para enfrentar esse desafio de saúde pública, destacando a eficácia do produto criado por Gonçalvez, que é pesquisador. “A equipe da Zoonose faz um trabalho impecável, mas sabemos que a luta contra a dengue requer esforços conjuntos. Infelizmente, o fumacê não é totalmente eficaz, pois apenas mata os mosquitos adultos e sua eficácia se perde rapidamente,” explica Biju. Ele ainda apontou que o maior problema reside nas larvas do mosquito, que muitas vezes encontram criadouros em residências e terrenos descuidados.

A solução proposta pelo vereador é a implementação do larvicida desenvolvido por Gonçalves. “O Dr. José Carlos, um pesquisador da nossa terra, criou esse composto no seu laboratório, e ele se mostrou muito eficaz para eliminar as larvas do aedes aegypti,” diz Biju, que também lamentou o reconhecimento tardio de talentos locais. “Infelizmente, em nossa cidade, as pessoas só são reconhecidas quando saem e têm sucesso em outros lugares.”

Biju propôs que a prefeitura entre em contato com Gonçalves para trazer esse larvicida para uso em São Sebastião do Paraíso. “Gostaria de deixar como indicação para nosso prefeito buscar mais esse artifício para instrumentar. Que façamos um teste experimental, talvez em um bairro, mas não apenas aplicar o composto. Criar uma equipe multidisciplinar e agregar universidades já existentes em nosso município,” propõe o vereador.

A eficácia do larvicida criado a partir do caroço do abacate foi comprovada em estudos que mostram sua capacidade de continuar atuando mesmo após a reidratação, mantendo sua potência contra as larvas por múltiplas vezes. “Quando você joga o granulado em uma poça d’água e mata as larvas, mesmo após a água secar e ser reidratada, o composto continua a ser efetivo e segue matando as novas larvas que vão surgindo,” destaca Biju em seu discurso.

A sugestão de Biju vem ao encontro com o momento em que o País passa pela maior crise de dengue de sua história. Já são mais de cinco milhões de casos prováveis registrados no Brasil, sendo que só Minas Gerais tem quase 1,5 milhão de casos. No total, 2.827 pessoas morreram por dengue neste ano. Já é mais que o dobro do registrado em todo o ano passado (que já era recorde): 1.179.

“É triste ver vidas sendo ceifadas. Acho que essa ideia vem a calhar. Quem sabe nas próximas vezes não vemos nossos anexos de saúde tão tumultuados, provendo essa possibilidade de agregar, de instrumentar cada vez mais a nossa Zoonose para eliminar esse maldito mosquito,” conclui Reis.

O LARVCICIDA
Em Paraíso, uma equipe de pesquisadores liderada pelo engenheiro agrônomo José Carlos Gonçalves, em colaboração com os cientistas Luiz Francisco Pianowski e Adahilton Aníbal, desenvolveu uma solução para o combate de pragas e, mais recentemente, contra o mosquito transmissor da dengue, o aedes aegypti. Esta pesquisa, originalmente focada no desenvolvimento de um formicida a partir do caroço de abacate, se adaptou para enfrentar também a ameaça do mosquito.

Conforme explica Gonçalves, colocando-se 5% de peso do extrato do larvicida para volume de água, mata-se todas as larvas em menos de 24 horas.

Se for usado 3% e 2% de extrato, todas as larvas de igual maneira estarão mortas em 42, 48 ou 72 horas. Além disso, uma única aplicação do produto pode matar até cinco ciclos de larvas. “O interessante, é que apesar de demorar mais, não propicia a eclosão das larvas, não viram mosquito (pernilongo) adulto”, observou o engenheiro em matéria publicada pelo Jornal do Sudoeste em fevereiro de 2023.

Vereador Juliano Reis (Biju)