Vereador cobra transparência sobre obra do SESC e prefeito dá ultimato: “Ou faz ou perde”
José Luiz das Graças exige explicações dos responsáveis pela obra; Prefeitura já tem processo pronto para retomar área caso SESC não cumpra cronograma

A
novela envolvendo a construção da unidade do SESC em São Sebastião do Paraíso
ganhou novos capítulos nesta semana. Durante o grande expediente da sessão
ordinária da Câmara Municipal, realizada na segunda-feira, 13, o vereador José
Luiz das Graças solicitou formalmente que os responsáveis pela obra compareçam
à Casa Legislativa para apresentar à população o cronograma detalhado da construção,
os prazos, o que será de fato executado e o que foi descartado do projeto
original.
A
solicitação foi acolhida pelo plenário, diante da crescente cobrança da
população por informações concretas. “As pessoas querem saber o que vai ser
construído ali dentro. Se é quadra, se é campo, se vai ter escola
profissionali-zante. E eu não estou apto a responder sem saber o que realmente
será feito. É preciso que venham até esta Casa, que é a Casa do Povo, mostrar
com transparência o que está previsto, e quando será entregue. Porque, se não
for feito, em 2026 o município retoma a área — mas sem quadra, sem vestiário,
sem piscinas, sem as benfeitorias que já estavam lá”, disse o vereador,
relembrando que já havia feito um ofício sobre o tema ainda em 2020, quando as primeiras
estruturas da antiga Praça de Esportes Castelo Branco começaram a ser
demolidas.
A
fala do vereador ecoou nas redes sociais e teve desdobramento imediato. Ainda
nesta semana, o prefeito Marcelo Morais publicou um vídeo em que afirma ter
recebido os representantes da empresa Ponto Forte — integrante do consórcio
contratado para a execução da obra — para tratar do andamento do projeto e
reforçou o ultimato já feito ao SESC: ou a construção avança imediatamente, ou
o município retoma a posse da área.
“Deixei
muito claro o posi-cionamento do município. As portas da Prefeitura estão
abertas para ajudar no que for preciso. Mas se não cumprirem a palavra, vão
perder a área. E isso está claro para todos. Já temos o processo pronto, é só
encaminhar para a Câmara. Não dá mais para aceitar desculpas”, declarou
Marcelo.
Em
entrevista à reportagem do Jornal do Sudoeste, o prefeito foi ainda mais
direto: “Tenho convicção de que essa obra só está saindo por pressão da nossa
administração. Estamos agili-zando tudo: parte burocrática, documentação,
registros. Mas se não fizerem, vamos entregar a área para quem queira fazer. Já
há outra proposta engatilhada. Chega de enganação”, disse.
Promessas antigas, prazos estourados
O
projeto de construção do SESC na cidade foi anunciado com pompa e expectativa
há anos. O local inicial para a construção da unidade estava situado em um
terreno no Jardim Mediterranée, contudo, com a demora para o início das obras,
a Prefeitura recuperou o imóvel e cedeu à Universidade Federal de Lavras
(UFLA), que construiu seu polo no endereço. Em contra-partida, o município
repassou ao SESC as dependências da Praça de Esportes Castelo Branco.
A
doação do terreno, localizado na avenida Monse-nhor Felipe, foi oficializada
por meio da Lei Municipal nº 5.032, aprovada em 2020. Porém, divergências entre
os registros e a metragem real da área provocaram entraves técnicos e
cartoriais.
Em
julho de 2024, o Executivo precisou enviar novo projeto à Câmara — o PL nº 5642
— corrigindo a descrição do imóvel e prorrogando os prazos de regularização e
execução da obra. A Prefeitura detectou que a área era menor do que o
registrado em cartório. Isso exigiu a retificação do registro urbano, que
esbarrou na ausência de anuência da empresa TIM, uma das con-frontantes, e em
pendências cartorárias envolvendo uma viela de servidão.
Diante
da situação, o prazo para a assinatura da escritura foi estendido até 30 de
julho de 2024. Já o prazo para conclusão das obras ficou fixado em 31 de julho
de 2026. Como contrapartida, o SESC aceitou devolver ao município parte do
terreno, incluindo o campo de futebol, que já foi reincorpo-rado ao patrimônio
público.
Apesar
das concessões feitas pelo Município, nenhuma obra de fato avançou desde então.
E, agora, tanto o Executivo quanto o Legis-lativo demonstram perda de
paciência. “Já foi longe demais. A cidade não pode ficar eternamente à espera
de um projeto que não sai do papel. É hora de dar satisfação à população e
colocar prazos claros. Ou então, devolver o terreno”, afirmou José Luiz.
Obra travada, população frustrada
A
construção da unidade do SESC em São Sebastião do Paraíso sempre foi tratada
como um projeto de impacto social. O centro de lazer, esporte, educação e
cultura prometia transformar o antigo espaço da Praça de Esportes em um novo
polo de atendimento à população — sobretudo a mais carente. As promessas
incluíam piscina coberta, quadras, campo de futebol, salas de aula e espaço
para cursos profissiona-lizantes.
Com
o passar dos anos, no entanto, a ausência de obras físicas e a falta de
comunicação pública por parte do SESC geraram frustração e descrédito. “Se for
para devolver a área daqui dois anos, mas sem as benfeitorias que estavam lá,
quanto o município vai gastar só para trazer tudo de volta ao ponto de
partida?”, questionou José Luiz.
A expectativa agora é que a Câmara oficialize o convite ao SESC e à construtora para que participem de uma sessão pública, no plenário, com apresentação do projeto, cronograma de execução e detalhamento do que será construído. A proposta é que a população possa acompanhar tudo, inclusive pela TV Câmara e pelas redes sociais.