Presidente do Sindpar contesta previsão da Conab e faz alerta sobre segurança na colheita do café

Henrique Mateus, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Sebastião do Paraíso (Sindipar) Foto: Reprodução

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou recentemente sua segunda estimativa para a safra de café 2024/2025, prevendo uma produção nacional de 55,7 milhões de sacas de 60 quilos, beneficiadas. O número representa um aumento de 2,7% em relação à safra anterior, com destaque para a variedade arábica, que deve responder por mais de 80% da produção total. No entanto, a previsão gerou dúvidas entre produtores da região Sudoeste de Minas, uma das regiões cafeeiras mais tradicionais no país. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Sebastião do Paraíso (Sindipar), Henrique Mateus, discorda da estimativa apresentada.

Para ele, a previsão da Conab foi feita de forma precipitada, e não condiz com a realidade das lavouras, principalmente devido às condições climáticas adversas enfrentadas nos últimos meses. O cenário enfrentado pelos cafeicultores da região é desafiador. “Eu, sinceramente, acho que foi um erro soltar essa previsão agora. As lavouras, no geral não estão tão carregadas, e a seca forte do ano passado, somada à falta de chuva em janeiro e fevereiro, comprometeu o enchimento dos grãos. Isso vai impactar diretamente no peso e no volume da produção”, afirmou.

Henrique ressalta que a previsão pode frustrar expectativas: “Onde o produtor esperava colher uma determinada quantidade, pode haver uma quebra, justamente porque na hora que a planta precisava de chuva, ela não veio. O produtor depende do clima, a cafeicultura é uma empresa a céu aberto, sujeito ao sol, à chuva, ou à falta dela. A realidade de campo nem sempre é a que aparece nas planilhas”, afirma.

Além das incertezas com a produtividade, outro fator preocupa os produtores neste início de colheita: a segurança no campo. O presidente do Sindpar fez um alerta importante sobre a segurança nas propriedades rurais durante a colheita. Ele defendeu a união entre os produtores como forma de prevenção. “A gente precisa fortalecer a lei da boa vizinhança. Se vir alguém estranho na propriedade do vizinho, já liga, já avisa. Aqui, por exemplo, temos câmeras compartilhadas entre três produtores, conectadas a oito celulares. Sempre tem alguém de olho”.

O presidente elogiou ainda o trabalho da Patrulha Rural da Polícia Militar e orientou os produtores a manterem contato constante com as autoridades. “A PM tem nos atendido com respeito e agilidade. Viu algo suspeito? Anote placa, ligue, informe. Não devemos agir por conta própria, porque isso pode trazer riscos”.

Henrique Mateus conclui com um apelo à solidariedade entre os agricultores: “O produtor tem que ser amigo do vizinho, olhar pelo outro. Um dia o furto acontece lá, no outro pode ser aqui. Se cada um vigiar e ajudar, todos se protegem”.